Terça-feira, 19 de março de 2024
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A TRÍADE ÉTICA E MORAL DE VEREADORES DESTA E DE OUTRAS CIDADES BRASILEIRAS

Daniel Oliveira da Paixão

(DANIEL PAIXÃO – CACOAL-RO) – Vamos abordar, no presente artigo, um assunto que pode interessar aos vereadores de  nossa cidade e também de outras cidades do país. Para detalhar o assunto, seria necessário um livro, mas vamos tentar resumir. Seria interessante que cada vereador pudesse analisar em qual dos grupos abaixo ele se enquadre.

Alguns, talvez por inexperiência ou por vontade própria, esteja hoje integrando o grupo 2 (intermediário – também conhecido como “Maria-vai-com-as-outras) ou no grupo 03, que representa o que há de pior em termo de representação, mas faço votos de que a maioria esteja no grupo 01.

Acredito que este tipo de artigo pode não agradar a alguns, mas o faço com a certeza de que nossos vereadores vão se esforçar por fazer uma atualização (upgrade – subir de nível), embora aqui ou ali seja possível alguém que faça justamente o contrário e opte por uma desatualização (downgrade – descer de nível). Obviamente cada um é livre para tomar o seu próprio rumo. É importante notar, contudo, que o eleitor decide o que fazer em relação aos seus representantes em cada ciclo eleitoral. Então, atualizar-se ou não, pode ser parte de uma estratégia. Perdoe-me por ser um artigo longo. Quem me conhece sabe que gosto de detalhar bem para não pairar dúvidas. Caso tenha paciência de ler esse texto até o final, fica aqui a minha gratidão.

1º Grupo – Vereador independente. Esse tipo é sensato e o seu compromisso não é contra ou a favor do prefeito. O que importa, para ele, é respeitar a quem o colocou lá no parlamento: o povo. Esse tipo de vereador pode ser combativo, defender suas ideias e posicionamento com muita firmeza, mas nunca será desrespeitoso com seus pares nem com as demais autoridades. Não obstante, ele não se submete à vontade desse ou daquele vereador ou prefeito, por mais influente que seja, mas também jamais será um opositor ferrenho, apenas para marcar terreno. Ao contrário, tudo o que for de interesse coletivo, estará pronto para aprovar. Esse vereador será parceiro quando tiver de ser parceiro, mas não hesitará em dar seu voto contrário a qualquer projeto que, em sua avaliação, seja contrário ao interesse geral.

O vereador independente também sabe que, em raras ocasiões, é preciso votar contra a corrente majoritária até da sociedade… Hmm, como assim? Votar contra os interesses da maioria? Sim, mesmo que pareça um contrassenso, especialmente em um cargo eletivo, quando se busca o voto para reeleição. Existe coisas que o povo quer e que é contrário aos interesses do próprio povo? Sim, existe. Veja por exemplo o caso de uma empresa pública. Com o tempo, os preços ficam defasados. Aumenta o preço do combustível, aumenta o preço da energia, aumenta o preço dos insumos, aumenta as despesas com a folha de pagamento etc.

O primeiro impulso de um vereador que não seja independente e coerente é votar sempre contra quaisquer aumentos, seja de impostos, seja de serviços. O vereador populista e não comprometido com o interesse coletivo, vai sempre votar a favor da maioria, mesmo que depois essa empresa pública vá à falência e quem era contra uma simples reposição de preços, que era justa, vai ter de pagar 03 ou 04 vezes mais caro pelos serviços que agora serão prestados por uma empresa privada. Parece estranho, mas às vezes votar contra a maioria também é defender a maioria.

Veja, como exemplo, o caso de uma companhia de água. (No caso de Cacoal, o SAAE). Obviamente nenhum cidadão é favorável a aumento da tarifa de água, não importa o quanto a empresa esteja em dificuldades para custear suas despesas. Ocorre que, se o vereador só olhar sob a ótica de medidas populares, vai contribuir para que essa empresa pública quebre e, depois, o cidadão que reclama de uma conta de água de 80 reais, vai ter de pagar 240 reais, o que paga 100, passará a pagar 300 e assim por diante. Tudo isso porque o seu vereador foi incapaz de perceber que deveria pensar no coletivo e não apenas em medidas de impactos eleitoreiros.

Como indivíduo, eu quero chegar no hospital e ser atendido na hora. Mas como ser coletivo, eu quero que a fila seja respeitada. Então, mesmo você, que está lendo essas observações, sabe que há dois ser convivendo dentro de você ao mesmo tempo. O ser individual e o ser coletivo. O Eu individual vive em guerra constante contra o eu coletivo. Isso, às vezes, também reflete nos homens públicos que elegemos.

2º Grupo – Vereador “maria-vai-com-as-outras” – Embora em alguns lugares esse seja o tipo de vereador mais comum, nossa expectativa é esse que tipo seja minoria em nossa cidade. Não vou me deter como esse tipo consegue se eleger e às vezes até se reeleger, surpreendentemente. Vou direto ao ponto. O vereador “maria-vai-com-as-outras”  sempre ouve que a maioria dos seus pares tem a dizer, embora nem sempre seguir a maioria seja a coisa certa a ser feita. Ao contrário do vereador independente, que sabe discernir o momento que deve votar com a maioria e o momento de votar pela minoria, o “maria-vai-com-as-outras” nem perde tempo em analisar os projetos. Alguns deles são tão “ingênuos” que vão às redes sociais dizer que estão alinhados com esse ou com aquele, como se isso fosse algo que agradasse ao seu eleitor. Há um problema muito sério nesse alinhamento cego. Hoje esse alguém, a quem esse vereador está alinhado, pode estar muito bem perante a opinião pública, mas pode não estar amanhã. E aí, como fica? O “maria-vai-com-as-outras”, por não tem identidade própria,  vai ter dificuldades em superar essa adversidade. Continuará ele como “maria-vai-com-as-outras” ou entrará para o terceiro grupo, que é bem pior? – Espero que sejam poucos os vereadores que se enquadrem nesse 2º grupo e menos ainda, os que se enquadrem no 3º grupo. Suponho que nem tenhamos esse tipo em Cacoal, nesta legislatura, embora a experiência de mandatos passados nos façam acreditar que seja possível, sim, algum de nossos nobres edis se encaixarem nesse perfil. Se tiver algum vereador perdido nesse 3º grupo, torço sinceramente que o mesmo possa migrar para um nível mais elevado.

3º Grupo – Vereador oportunista. Esse tipo está sempre a favor, se for favorecido, e sempre contra, se não conseguir ser atendido no que for de seu interesse. Se o prefeito nunca o atendeu, ele passa 04 anos o criticando, ferozmente, não importa os momentos que esse prefeito acertar. A regra é que, mesmo que um prefeito ou prefeita cometa erros, também acerta em muitas oportunidades. Então, se o vereador o elogia o tempo todo, esse prefeito errando ou acertando, isso revela o quão oportunista ele é. De igual modo, se ele o critica o tempo todo, 100% do mandato dele ou dela, também é um oportunista. Se os buracos são tampados, o oportunista diz que o material usado foi de má qualidade. Se o prefeito investe na saúde, ele diz que houve superfaturamento. Se o prefeito constrói pontes e abre carreadores na zona rural para beneficiar aos produtores, ele diz que o prefeito está beneficiando amigos. Enfim, o oportunista escolhe um lado. Ou vai CRITICAR SEMPRE ou ELOGIAR SEMPRE. Aí, findando o mandato, ele que era crítico passa a elogiar o outro. Depois, em outro mandato, volta a ser crítico. Enfim, o oportunista é sempre um extremo. Às vezes ele não espera nem o seu mandato terminar para alternar o seu COMPORTAMENTO. Num mesmo mandato ele é oposição ferrenha por alguns meses, e logo depois se torna aliado fervoroso. Às vezes até alterna esse comportamento ao logo de seu mandato ou seus mandatos (Sim, alguns deles se reeleger, mas se você faz parte do grupo, não se anime muito. Com as redes sociais, a reeleição de políticos com esse perfil está bem mais difícil).

Para encerrar, que fique claro, antes de tudo: se você é político e se identificou nesta análise em uma categoria de nível inferior, saiba que é hora de fazer uma atualização para um nível superior. Meu conselho é que você migre para o grupo de vereadores independentes. Não seja aloprado como alguns, sendo oposição o tempo todo, agredindo colegas e outras autoridades, etc., apenas por agredir, ou elogiando quando o momento for de sair em defesa dos interesses dos seus eleitores. Fundamente suas decisões, respeitosamente. Você não precisa xingar ninguém apenas por discordar ele. Use a retórica inteligente, argumente. No caso de vereador, isso é mais simples ainda: Vote no que você achar que é o certo a fazer. Ou então, se é incapaz de se encaixar no grupo dos independentes, pelo menos faça um “upgrade” para a posição intermediária. Melhor ser um “maria-vai-com-as-outras” do que um oportunista. Pelo menos no nível intermediário, se os outros acertarem, você acerta junto. Se errar, você não errou sozinho.

(Daniel Oliveira da Paixão é jornalista há cerca de 35 anos e servidor público há 17 anos)

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