Terça-feira, 19 de março de 2024
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Cinco variantes do coronavírus circulam no DF; a de Manaus é predominante

Estudo da Universidade de Brasília (UnB) e do Lacen detecta a predominância da linhagem de Manaus do novo coronavírus na capital. Além de maior contágio, especialistas alertam que ela provoca mais internações e casos graves

LP
Luana Patriolino
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press -)

Quem subestimou a pandemia de covid-19, jamais imaginou a proporção que a doença tomaria no Brasil. Ontem, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e do Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) receberam o relatório final com o resultado do sequenciamento de 45 amostras do novo coronavírus do fim de março. O estudo confirmou a predominância da variante P1, de Manaus. Das amostras analisadas, 64,4% são dessa linhagem.

Os dados do estudo foram analisados com o objetivo de identificar mutações genômicas e linhagens dos vírus. Desde janeiro de 2021, pesquisadores da UnB e do Lacen-DF firmaram uma parceria na pesquisa e execução de novos protocolos de sequenciamento de genomas de Sars-Cov-2, visando o monitoramento genômico das circulantes no DF.

Para Bergmann, faltam estudos que detectem a gravidade das variantes e o poder de infecção. “Não necessariamente a P1 produz uma doença mais letal”, pondera. Sobre a mutação inglesa, o professor afirma que, por enquanto, ela tem se mostrado de forma tímida em Brasília e no resto do país. “Ela (variante da Inglaterra) está ‘perdendo’ para a P1. Está presente (no DF), mas não está dominando até agora. A P1 tem a vantagem de se espalhar mais do que a variante da Inglaterra”, explica.

Outro motivo para a variante da Região Norte ter se espalhado de forma mais rápida, segundo o especialista, é a falta de controle dos viajantes dentro do país, além da crise sanitária enfrentada no Amazonas em janeiro deste ano. O DF recebeu pacientes de Manaus com covid-19 (veja memória). “Tem muita gente viajando para lá e para cá. Não tem como controlar”, diz.

A médica infectologista Magali Meirelles explica que as novas variantes surgem a partir de mutações que ocorrem no processo de multiplicação do vírus. “Isso é natural, acontece com todos os organismos, sendo que, em vírus, pode acontecer com maior intensidade, pela replicação exacerbada”, afirma. Segundo a especialista, caso a mutação traga alguma característica ao vírus que favoreça sua sobrevivência no meio, ela se sobressai e se espalha com mais facilidade.

O surgimento de novas variantes traz riscos: elas podem apresentar características como maior transmissibilidade, maior virulência (capacidade de causar quadros mais graves), além do fato de que o vírus pode não ser neutralizado pela ação das vacinas existentes. “Além do risco maior de reinfecção. Por possuir um material genético diferente, pode reinfectar mais facilmente aquelas pessoas que tiveram a doença”, explica a infectologista.

A variante de Manaus possui maior transmissibilidade, ou seja, consegue se espalhar com mais facilidade na população. “Quanto ao potencial de causar doença mais grave, ainda não há definição, existem estudos em andamento investigando essa questão”.

No entanto, somente pela elevada transmissibilidade, a variante torna-se preocupante, pois a característica torna a luta para frear a pandemia ainda mais difícil. De acordo com Magali Meirelles, além da vacina, a única forma de acabar com a pandemia é o distanciamento social físico. “Além das conhecidas medidas de higienização constante das mãos, etiqueta respiratória, uso de máscaras em ambientes públicos e conscientização da população quanto à importância destas medidas e do isolamento das pessoas doentes”, conclui.

Memória

Com rápido aumento de internações por covid-19, várias unidades de saúde da capital amazonense ficaram sem insumos básicos, como cilindros de oxigênio. Os pacientes estavam morrendo asfixiados e familiares e médicos corriam em busca por doações. As ações emergenciais para trazer oxigênio ainda não supriu a demanda e, como medida emergencial, pacientes foram transferidos para outras unidades da Federação, como Distrito Federal, por exemplo.

O Distrito registrou 44 mortes e 884 casos da covid-19 nas últimas 24 horas. Com as ocorrências, a capital acumula 7.388 óbitos e 369.808 infecções pelo novo coronavírus. Desses, 352.151 são pacientes considerados recuperados. A média móvel de casos está em 1.061,3, o que representa queda de 16%, em relação ao número de 14 dias atrás. Quanto às mortes, em comparação ao mesmo período, o índice é de 59,4 — 17,3% a menos do que a média móvel de 7 de abril.

Mais uma
dose. Pode?

Desde que a Secretaria de Saúde anunciou que está montando uma estrutura para a digitalização de 100 mil fichas de pessoas vacinadas na capital, surgiu uma preocupação: e se alguém se aproveitar desta brecha para tomar doses a mais dos imunizantes?

Ao Correio, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, afirmou que a falta de digitalização ocorreu por conta de uma falha no sistema do Ministério da Saúde, mas que mesmo assim, a pasta tem o controle total dos vacinados. “Não fizemos a ficha na hora ou no dia seguinte porque o sistema ficou duas semanas e meia dando problema. A prioridade é vacinar as pessoas. Mas temos o controle de 100% das pessoas que são vacinadas”, destaca.

Professora do curso de saúde coletiva da UnB, Carla Pintas afirma que não existem estudos suficientes sobre superdosagem de imunizante contra a covid-19. “Não tem como dimensionar esses riscos, porque, quando a vacina foi concebida e passou pelas fases 1, 2 e 3, fizemos a testagem com duas doses. A CoronaVac tem um tempo diferente da AstraZeneca, por exemplo. Cada vacina tem um comportamento diferente”, explica.

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