Governo anula leilão para compra de arroz importado após suspeita de irregularidades

Governo anula leilão para compra de arroz importado após suspeita de irregularidades


Leilão realizado na semana passada foi anulado por suspeita de irregularidades dos vencedores.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

Cacoal, RO
- O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira (11) a anulação do leilão para compra de arroz importado. A suspensão do certame, que adquiriu 263 mil toneladas do grão, ocorreu após se descobrir que empresas que não operam neste mercado venceram o processo.

Pretto afirmou que um novo procedimento será realizado para garantir a contratação de empresas com capacidade técnica e financeira adequadas.

"Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter garantia que vamos contratar empresa com capacidade técnica e financeira. A decisão é anular este leilão e proceder um novo mais ajustado", declarou Pretto no Palácio do Planalto.

A decisão de importar arroz foi tomada poucos dias após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do grão. Apesar das inundações, 80% da colheita já havia sido realizada antes das chuvas. No entanto, as enchentes impactaram significativamente a logística e o transporte do cereal para o restante do país.

Leilão milionário de arroz foi vencido por mercearia de bairro, locadora de carros e fábrica de sorvetes

No último final de semana, a Conab determinou que as quatro empresas vencedoras do leilão deveriam comprovar capacidade técnica e financeira de intermediar a compra, que custou R$ 1,3 bilhão ao governo.

"A transparência e a segurança jurídica são princípios inegociáveis e a Conab está atenta para garantir segurança jurídica e solidez nessa grande operação", disse Pretto no final de semana.

Mercearia de laticínio levou maior parte do leilão

A maior quantidade de lotes do leilão foi arrematada por uma empresa cuja atividade principal inscrita no CNPJ é “comércio atacadista de leite e laticínio”. A mercearia, localizada em um bairro de Macapá (AP), receberia R$ 736,3 milhões do governo para importar 147,3 mil toneladas de arroz.

A segunda maior fatia foi levada por uma empresa que atua no setor e poderia vender ao governo 73,8 mil toneladas de arroz pelo valor de R$ 368,9 milhões. Em terceiro lugar aparece uma locadora de veículos e máquinas, que ganharia R$ 112,5 milhões com a venda de 22,5 mil toneladas de arroz. Procurada pela Gazeta do Povo, a locadora disse que tem experiência em leilões do governo federal e já cumpriu contrato com a Conab.

Já a quarta empresa tem como principal atividade registrada no CNPJ a “fabricação de sucos concentrados de frutas, hortaliças e legumes”. Localizada no município de Tatuí (SP), esta empresa receberia R$ 98,7 milhões pelo repasse de 19,7 mil toneladas de arroz ao governo.


Fonte: Por Guilheme Grande, Camila Abrão e Diógenes Freire feitosa