Cacoal RO - A velha casa de Dona Alzira cheirava a canela e tempo parado. Na prateleira mais alta da cozinha, acima de todos os livros de receitas manchados de gordura, repousava uma única xícara de porcelana. Era tão fina que, contra a luz da janela, você podia ver a sombra dos seus próprios dedos através dela. Nela, pintados à mão, dragões dourados dançavam entre nuvens de um azul esquecido.
Ela nunca a usava. A xícara era a última de um conjunto que atravessara oceanos, sobrevivera a guerras e perdera suas companheiras, uma a uma, na dura geografia da vida. Era um artefato de um mundo que não existia mais, um testemunho silencioso.
Certa tarde, uma neta curiosa, Lara, perguntou: "Vó, por que a senhora nunca toma chá nela? É tão linda."
Dona Alzira sorriu, um sorriso que parecia vir de muito longe. "Algumas coisas, minha querida, não são feitas para serem usadas. Elas são feitas para nos lembrar. Cada risco quase invisível nesta xícara conta uma história. A história da sua bisavó, que a embalou em panos para fugir de sua terra natal. A história do navio que quase naufragou. A história do dia em que seu avô me pediu em casamento, e eu servi o chá para a família dele nessas mesmas xícaras."
Lara olhou para a peça frágil. De repente, não era mais apenas uma xícara. Era um portal. Era coragem, amor, saudade e resiliência. Era a história da sua família materializada em porcelana.
Naquela noite, Dona Alzira não apenas contou a história. Ela reviveu cada capítulo. E Lara, que antes via aquele objeto apenas como um enfeite antigo, entendeu que alguns tesouros não têm preço porque carregam algo infinitamente mais valioso: um legado.
Assim como a xícara de Dona Alzira, os objetos que nos cercam são muito mais do que sua função prática. Eles são cápsulas do tempo, guardiões de memórias e testemunhas de histórias que moldaram quem somos
Dona Alzira sorriu, um sorriso que parecia vir de muito longe. "Algumas coisas, minha querida, não são feitas para serem usadas. Elas são feitas para nos lembrar. Cada risco quase invisível nesta xícara conta uma história. A história da sua bisavó, que a embalou em panos para fugir de sua terra natal. A história do navio que quase naufragou. A história do dia em que seu avô me pediu em casamento, e eu servi o chá para a família dele nessas mesmas xícaras."
Lara olhou para a peça frágil. De repente, não era mais apenas uma xícara. Era um portal. Era coragem, amor, saudade e resiliência. Era a história da sua família materializada em porcelana.
Naquela noite, Dona Alzira não apenas contou a história. Ela reviveu cada capítulo. E Lara, que antes via aquele objeto apenas como um enfeite antigo, entendeu que alguns tesouros não têm preço porque carregam algo infinitamente mais valioso: um legado.
Assim como a xícara de Dona Alzira, os objetos que nos cercam são muito mais do que sua função prática. Eles são cápsulas do tempo, guardiões de memórias e testemunhas de histórias que moldaram quem somos
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