Cacoal RO - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouviu, na última segunda-feira (3/11), o presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira.
O depoimento, que se estendeu pela madrugada, resultou na prisão em flagrante de Lincoln por falso testemunho, a pedido do relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O presidente da CBPA é um dos investigados na Operação Sem Desconto, que apura fraudes em descontos indevidos nos benefícios de milhares de aposentados.
🧐 Entidade Suspeita e Contradições
A Confederação da Pesca (CBPA) está no centro das investigações por ser suspeita de realizar descontos não autorizados nas aposentadorias de dezenas de milhares de segurados do INSS.
* Relatório da CGU: Um documento da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que a CBPA não tem funcionários registrados e, ainda assim, registrou um "aumento exponencial" no número de filiados após firmar um convênio com o INSS.
* Movimentação Suspeita: Parlamentares questionaram a incompatibilidade entre a estrutura da entidade e a movimentação financeira, que segundo alguns membros da CPMI, chegou a R$ 410 milhões e R$ 221 milhões em períodos distintos.
* Falso Testemunho: O pedido de prisão foi motivado por múltiplas "inverdades e contradições" identificadas pelos parlamentares, incluindo omissões sobre:
* O real motivo de sua saída de outra confederação (CNPA), que ele alegou ter sido renúncia quando na verdade foi um afastamento cautelar.
* A natureza da sua relação com Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS".
* Os amplos poderes concedidos em procuração a Adelino Rodrigues Junior, que movimentou recursos da CBPA, inclusive repassando valores para a esposa do então procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio.
🏛️ Acusações de "Blindagem de Poderosos" e Vínculos Políticos
Durante a sessão, a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) confrontou o depoente, acusando-o de estar "blindando poderosos" e parlamentares que poderiam estar envolvidos no esquema.
* Vínculo com Político: As relações de Abraão Lincoln com políticos também foram alvo de questionamentos. O relator Alfredo Gaspar citou pagamentos feitos pela CBPA à empresa Network, que depois teria repassado dinheiro a familiares do deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) e empresas ligadas a eles.
* Membros da Família Câmara: Entre os nomes citados nos pagamentos estão Jônatas Câmara, Heber Tavares Câmara e Milena Câmara. Abraão Lincoln afirmou que Milena Câmara, filha de Silas Câmara, trabalhava como advogada da CBPA, mas não esclareceu os serviços prestados.
Próximos Passos
A prisão de Abraão Lincoln é vista por membros da CPMI como um marco, que encerra um "ciclo de impunidade" e simboliza uma nova fase de busca pela "verdade" na comissão. O presidente da CBPA foi liberado posteriormente sob fiança, e as investigações sobre a rede de fraudes no INSS e os possíveis envolvimentos políticos continuam.
FONTE: SITE ELETRÔNICO OLIBERALDERONDONIA
