Cacoal Hospital público falha: bebê passa um mês com dor sem diagnóstico enquanto Prefeitura e sindicato repudia acusações

Cacoal Hospital público falha: bebê passa um mês com dor sem diagnóstico enquanto Prefeitura e sindicato repudia acusações



Cacoal Ro - Um caso envolvendo uma bebê de 9 meses tem gerado comoção e debate em Cacoal, após a família relatar falhas no atendimento do Pronto-Socorro Infantil 24h do município. Isadora, filha de Wallison Jesus Lúcio, passou quase um mês com sintomas respiratórios sem um diagnóstico preciso, o que levou o pai a gravar um vídeo de desabafo, criticando a qualidade do serviço público de saúde. A situação repercutiu nas redes sociais e motivou uma nota de repúdio do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINSEMUC), que defendeu os profissionais da enfermagem.

O caso

No dia 24 de maio, Isadora foi levada ao hospital com sintomas respiratórios, mas, segundo o relato de Wallison, apenas um raio-X foi realizado, e a criança foi liberada sem um diagnóstico claro. Nas duas semanas seguintes, a família retornou ao hospital outras duas vezes, mas a bebê não teve acesso a exames mais detalhados ou a uma avaliação pediátrica especializada.

Frustrados, os pais decidiram buscar atendimento particular no dia 23 de junho, quando Isadora foi diagnosticada com sinusite, inflamação no ouvido e acúmulo de catarro no peito. "É inacreditável que minha filha tenha sofrido esse tempo todo. Se não tivéssemos ido ao particular, talvez ela ainda estivesse sem diagnóstico", desabafou Wallison.


 
Repercussão e pedido de desculpas

O vídeo do pai viralizou, gerando apoio de outras mães que relataram situações semelhantes no mesmo hospital. Em entrevista ao Cacoal Notícias, Wallison pediu desculpas pelo tom emocional usado ao se referir aos profissionais de enfermagem, mas manteve as críticas à estrutura do atendimento. "Respeito a categoria, minha própria irmã é da área da saúde. O problema é a falta de recursos e especialistas", explicou.

Resposta da Secretaria de Saúde

A secretária municipal de Saúde, Dayse Bruna Freitas de Santana, informou que o Pronto-Socorro Infantil conta com um pediatra e quatro médicos clínicos com pós-graduação em pediatria, mas nenhum deles possui título de especialista registrado no Conselho Regional de Medicina (RQE). Ela destacou que o pediatra da unidade atua apenas nas internações, não realizando consultas ambulatoriais ou triagens de emergência, o que pode explicar as falhas no diagnóstico inicial.

A ausência de pediatras especialistas em todos os turnos contraria a Portaria nº 2048/2002 do Ministério da Saúde, que exige a presença desses profissionais em unidades de atendimento infantil 24h.

Nota de repúdio e defesa dos servidores

O SINSEMUC emitiu uma nota repudiando as declarações de Wallison, consideradas "pejorativas e caluniosas" contra os profissionais de enfermagem. O sindicato destacou o compromisso e a dedicação desses trabalhadores, que atuam em condições adversas, e afirmou que tomará medidas legais contra o autor das críticas.

Posicionamento da Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Cacoal afirmou que a saúde materno-infantil recebeu investimentos recordes na atual gestão, incluindo a reforma do Hospital Materno Infantil e a criação do Pronto-Socorro Infantil 24h. A administração municipal disse que está apurando as denúncias de Wallison, mas ressaltou que eventuais falhas não devem ser atribuídas aos profissionais, que atuam com "dedicação e responsabilidade".

O que vem pela frente

O caso de Isadora reacendeu o debate sobre a qualidade do atendimento pediátrico em Cacoal. Enquanto a família e outras mães buscam apoio jurídico para cobrar melhorias, o SINSEMUC e a Prefeitura reforçam a necessidade de diálogo e valorização dos servidores públicos. A situação expõe desafios estruturais que precisam ser enfrentados para garantir um serviço de saúde eficiente e humanizado.