Greve do Sintero: invasão à Seduc, influência política do PT e prejuízo para 170 mil alunos

Greve do Sintero: invasão à Seduc, influência política do PT e prejuízo para 170 mil alunos



Cacoal, RO - A greve do Sintero (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Rondônia), que já dura quase duas semanas, radicalizou nesta terça-feira (19) com a invasão ao prédio da Seduc (Secretaria de Estado da Educação) em Porto Velho. A ação, marcada por empurra-empurra, gritos e clima de tensão, mobilizou forças policiais para impedir um possível quebra-quebra no Centro Político Administrativo (CPA).

Sindicato adota “método MST”

O episódio expôs a opção do Sintero por métodos de pressão semelhantes aos praticados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com ocupação de prédios públicos e ações de confronto. A estratégia é explicada também pela composição da atual direção sindical, que tem entre seus principais dirigentes militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), acostumados a práticas de mobilização baseadas na intimidação e na ocupação de espaços públicos como forma de negociação.

Crise de liderança de Dioneida Castoldi

À frente do movimento, a presidente do Sintero, Dioneida Castoldi, enfrenta crise de credibilidade interna. A categoria está dividida, e o Sindicato dos Técnicos em Educação (SINTAE) orientou seus filiados a não aderirem à paralisação, revelando o racha dentro da base. A condução considerada radicalizada tem ampliado as críticas à liderança de Castoldi, acusada de priorizar embates políticos em vez da defesa responsável da educação.

Governo manteve negociações

Segundo a Seduc, o governo estadual nunca interrompeu as negociações com os trabalhadores. Nos últimos seis anos, os reajustes concedidos somaram mais de 100%, bem acima da inflação. Atualmente, existem contrapropostas em discussão, todas rejeitadas pelo Sintero.

O cenário aponta que o rompimento partiu do próprio sindicato, que preferiu radicalizar e tensionar as relações em vez de construir soluções.

Prejuízos para alunos

Enquanto o impasse continua, 170 mil estudantes da rede estadual seguem sem aulas. Advogados sindicais avaliam que a greve pode ser declarada ilegal, deixando os trabalhadores sem conquistas concretas e a categoria exposta a perdas salariais e políticas.

Pressão política e riscos de desgaste

Na parte da tarde, caravanas de professores foram até a Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) em busca de apoio parlamentar. Uma comissão foi criada para acompanhar o tema, mas a mobilização não elimina o desgaste da imagem do Sintero, visto por parte da sociedade como um sindicato mais alinhado a interesses políticos do que ao futuro da educação.

Fonte: Tudorondonia/Imagem: Jacson Pessoa