Porto Velho, RO - 07/08/2025 - O presidente Lula vai anunciar amanhã em cerimônia pomposa no Palácio das Artes o maior pacote de obras da história de Rondônia: R$ 1,5 bilhão para 75 projetos. A visita estratégica, a exatos 14 meses das eleições presidenciais de 2026, levanta questões incômodas sobre o timing suspeito e a efetividade das promessas.
O Contraste que Salta aos Olhos:
Cronometria Eleitoral: O anúncio ocorre quando o governo federal inicia oficialmente sua corrida pela reeleição. Não é coincidência que o "maior pacote da história" chegue após meses de críticas à lentidão do Novo PAC no estado.
2. Descompasso Temporal: Obras complexas como o Hospital Universitário de Porto Velho e a ponte binacional Guajará-Mirim exigem anos de execução. Com prazos indefinidos, fica a dúvida: serão concluídas antes de outubro de 2026 ou servirão apenas como marketing eleitoral?
3. O Silêncio sobre o Passado: Nenhuma menção ao histórico de atrasos e subexecução orçamentária do governo em Rondônia. Onde estavam esses investimentos nos últimos dois anos?
A Geografia Conveniente: 39 municípios "contemplados" (75% do estado), atingindo 94% da população.
A abrangência é suspeitamente perfeita para maximizar impacto eleitoral, ignorando prioridades técnicas.
Obras "de prateleira": 42 projetos são na Educação (creches, transporte escolar) e 26 na Saúde (UBS, CAPS) – áreas com carência crônica, mas também as mais visíveis para o eleitor.
O Teatro Político: Enquanto o governador do Acre (Gladson Cameli) recebe Lula de "gravata vermelha" em sinal de aliança, a Assembleia de Rondônia aprovou um voto de repúdio à visita, evidenciando a divisão calculada pelo Planalto.
- Aliados locais, como a deputada Cláudia de Jesus (PT) e o senador Confúcio Moura (MDB), repetem o mantra do "momento histórico", omitindo que a articulação ocorreu apenas quando o relógio eleitoral começou a correr.
Perguntas que Ficam no Ar:
1. Quantas dessas "obras" são realmente novas, e quantas foram requentadas de pacotes anteriores?
2. Por que projetos estratégicos como a Ferrovia EF-354 (Ferrogrão) seguem paralisados, enquanto anúncios de fácil apelo popular são priorizados?
3. Haverá transparência nos cronogramas e licitações, ou os recursos se perderão no labirinto da máquina pública?
Uma coisa é certa: O "presente" de R$ 1,5 bi chega embrulhado na bandeira petista, mas com data de validade eleitoral estampada. Resta saber se os rondonienses, familiarizados com promessas não cumpridas, trocarão seu voto por projetos que podem nunca sair do papel.
"Pacotes de obras em ano eleitoral são a moeda mais antiga da política brasileira. Rondônia merece mais que ilusão; merece execução." - Editorial, Rondoniaovivo.com