Comissão do Senado vai a Rondônia investigar despejos de famílias em áreas de conflito fundiário

Comissão do Senado vai a Rondônia investigar despejos de famílias em áreas de conflito fundiário


Uma comissão do Senado Federal vai visitar Rondônia para apurar denúncias de que famílias com títulos de propriedade válidos há mais de 50 anos estão sendo removidas de suas terras. O conflito envolve demarcações de terras indígenas.

Cacoal, RO
– A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou, na quarta-feira (22), um pedido para investigar de perto os conflitos fundiários em Rondônia. A ação, proposta pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), tem como destino os municípios de São Miguel do Guaporé e Alvorada d'Oeste.

O objetivo da diligência – uma visita técnica in loco – é verificar denúncias graves de que famílias tradicionais estão sendo desapropriadas de terras que possuem com escrituras há décadas. O motivo seria uma sobreposição de territórios causada por supostos erros na demarcação de áreas indígenas.
O que está em jogo no conflito

De acordo com o senador Marcos Rogério, autor do requerimento, os órgãos fundiários Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) cometeram falhas técnicas ao definir os limites de terras indígenas. Esses erros teriam criado uma zona de conflito, onde as terras das famílias agricultoras e os territórios indígenas se sobrepõem.

Como consequência, muitas famílias que vivem e produzem na região há mais de 50 anos estariam recebendo notificações e sendo obrigadas a sair de suas propriedades.

“São famílias que há décadas produzem, geram renda e sustentam suas casas. Agora estão sendo forçadas a abandonar suas terras por falhas de órgãos públicos. É uma situação que exige sensibilidade e urgência do Parlamento”, afirmou o senador.
Impacto social e violência de gênero

O parlamentar chamou a atenção para o forte impacto social e emocional dessas remoções. Ele destacou que as medidas afetam especialmente mulheres agricultoras e chefes de família, que perdem sua fonte de renda e sustento.

Na avaliação do senador, a ausência de políticas adequadas de reassentamento e proteção social para essas mulheres configura uma forma de violência de gênero institucional, na qual o próprio Estado falha em protegê-las.
Próximos passos da investigação

A comissão do Senado fará a visita a Rondônia acompanhada de representantes de vários órgãos para ouvir todos os lados envolvidos. Estarão presentes:

Funai e Incra (os órgãos citados nos erros)

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Ministério dos Povos Indígenas

Secretaria de Estado da Agricultura de Rondônia

Defensoria Pública da União (DPU)

Lideranças locais

Após a diligência, um relatório final será produzido com recomendações aos órgãos competentes. O objetivo é encontrar soluções que garantam segurança jurídica para todos, respeitando a dignidade humana e a igualdade de gênero.

A data exata da viagem da comissão a Rondônia será definida nas próximas semanas.

Fonte: Site Eletronico Oliberalderondonia.